Numa daquelas intrigantes sinapses realizadas pela massa cinzenta cheguei hoje ao O’Seis. Começou no pós-almoço, a caminho da escola do meu filho, ouvindo a fase psicodélica dos Beatles, no carro. Do Sargento Pimenta acabei passando a “Hard days night”, sabe-se lá porque, e de repente já estava ouvindo o segundo disco d’Os Mutantes, e entre “Dia 36” e “Algo mais” me lembrei d’O Seis.
Os tais seis, pra quem não sabe, são os irmãos Arnaldo e Sérgio (Dias) Baptista, Rita Lee, Raphael Villardi, Mogguy e Pastura. Dos três últimos talvez você nunca tenha ouvido falar, mas os três primeiros com certeza você sabe quem são.
O’Seis nada mais é que o embrião do que se tornariam Os Mutantes, a coisa mais sensacional saída de terras brasileiras em direção ao universo. Suicida/Apocalipse é o primeiro e único compacto da banda paulistana, e também o primeiro registro da união entre os irmãos Baptista e a musa Rita.
Musicalmente ainda está longe das experimentações alucinadas que marcariam os trabalhos dos Mutantes (muito embora os instrumentos e toda parafernália do grupo tenham sido construídos pelo genial CCDB, o Cláudio César, irmão mais velho da família Dias Baptista), mas as letras já mostram o sarcasmo, a acidez e o humor típicos dos reis da lisergia tupiniquim.
Por Fabio Bridges